Acharam a cura para o HIV, verdade ou mito?



Imagem do vírus HIV  retirada do NIAID/Reute




 Em 1980, foi identificado o primeiro caso de HIV no Brasil, em São Paulo, mas só foi confirmado em 1982. Onde atualmente o estado de Sergipe tem o 8º maior índice de detecção de Aids entre os 27 Estados brasileiros, apresentando uma redução de 7,1% nos números de mortos por Aids em 2018. O
HIV (sigla em inglês de Vírus da Imunodeficiência Humana) é um retrovírus causador da Aids, patologia que ataca o sistema imunológico do indivíduo infectado. Esse retrovírus atinge especificamente os linfócitos T CD4+, isto é, células que desempenham um papel importante na resposta imunitária contra patógenos. Sendo assim, o HIV muta o DNA dessas células, multiplicando-se e em seguida rompendo-as indo em busca de novas células para infectar. 



 Vírus HIV conectando-se com o receptor CD4 do linfócito T
Fonte: blog CCBI



 Porém ter HIV não quer dizer que o indivíduo obrigatoriamente tem Aids. Onde há muitos casos de soropositivos que não apresentaram sintomas e nem desenvolveram a doença mas ainda assim podem transmitir o vírus através da troca de fluídos corporais, como sangue, leite materno, sêmen, secreção vaginal e não por meio de interações comuns do dia-a-dia como abraçar, tocar, beijar. O diagnóstico deve ser feito o mais rápido possível para poder aumentar a expectativa de vida do indivíduo infectado, então deve-se fazer o teste rápido anti-HIV que é ofertado pelo SUS na Unidade Básica  de Saúde (UBS) mais próxima da sua residência. Mas caso a pessoa seja diagnosticada deve-se iniciar o tratamento o mais breve possível, onde consiste no uso de antirretrovirais (AVR) prescritos pelo médico, esses medicamentos agem inibindo a multiplicação do HIV no organismo evitando assim depressão do sistema imunológico, impedindo o desenvolvimento de doenças oportunistas que é o fator agravante desse patógeno. A terapia antirretroviral (TARV) foi aderida no Brasil em 1996 e desde 2013 o SUS oferta tratamento para todos e qualquer pessoa vivendo com HIV (PVHIV). Atualmente existem 22 medicamentos usados na TARV (em breve farei um post voltado apenas para os ARV). 

 A descoberta da cura para o HIV é algo almejado por muitos cientistas há longo dos anos desde do surgimento do primeiro caso a ciências vem avançando quando se trata dessa tal cura. Recentemente a revista científica Nature publicou um relatório que relata um caso de remissão do HIV após um transplante, porém os cientistas envolvidos nessa pesquisa afirmam que não se pode falar a cura da Aids. Anteriormente, em Berlim, apenas um portador da doença entrou em remissão total, isto é, com sinais ausentes do retrovírus, e agora (março de 2019), foi anunciado o segundo caso, quase 40 anos depois, de um portador do HIV que após passar por um transplante de células-tronco entrou em remissão do vírus. Seria uma esperança para as novas estratégias de cura do HIV?

Fonte: TRABULSI, Luiz Rachid; ALTERTHUM, Flávio. Microbiologia. 5.ed. São Paulo: Atheneu, 2008. p. 699-704. 

  O caso foi apresentado na Conferência sobre Retrovírus e Infecções Oportunistas, em 5 de março de 2019, em Washington. Chamado de Paciente de Londres, foi diagnosticado em 2013 como soropositivo, onde no ano seguinte entrou em TARV, sendo que nesse mesmo ano descobriu um linfoma Hodgkin grau 4, iniciou quimioterapia  mas não obteve o efeito desejado, então o plano b foi o transplante de médula óssea, apesar de que não tenha encontrado nenhum doador 100% compatível. No cadastro mundial foi identificado um doador em potencial que era portador da proteína CCR5 que é um conector das células T usado pelo HIV para causar a infecção, onde indivíduos que naturalmente não expressam este conector são considerados imunes ao HIV. O paciente de Londres continuou com a TARV por mais 16 meses, quando o tratamento foi suspenso e os exames refeitos, onde foi identificado a ausência do receptor CCR5.




 Os pesquisadores responsáveis pelo estudo alertaram que por ser uma cirurgia arriscada e dependente de doadores compatíveis, o transplante de médula óssea não é uma alternativa  de tratamento para todos soropositivos, apenas para aqueles que foram diagnosticados com doenças como Leucemia ou Linfoma. Porém o avanço obtido abre uma brecha para novas pesquisas e terapêuticas  para o HIV, como prevenir que o gene CCR5 se expresse. 
Sendo assim, a busca pela cura do HIV/Aids continua!




Referências:

•  Second patient free of HIV after stem-cell therapy - Revista Nature - LINK
•  Matéria do site Correio Braziliense - LINK
• Ministério da Saúde -  O que é HIV -  LINK
• TEMPAKU, P.F. FILHO, D.J.S. Análise do gene CCR5 em pacientes infectados pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) - LINK
• Matéria da Folha de São Paulo - LINK
•  Matéria da Revista Galileu -   LINK

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