Infecções parasitárias e a cadeia de transmissão

  
Fonte: me salva
 Para que aconteçam infecções parasitárias é necessário que haja três elementos básicos: o hospedeiro, o agente infeccioso e o meio ambiente. Entretanto, em muitos casos, pode ocorrer a participação de um quarto elemento, os chamados vetores, a presença de vetores, isto é, insetos que transportam os agentes infecciosos de um hospedeiro parasitado a outro. Como no caso da febre amarela, da leishmaniose e outras doenças. Mas o que é uma infecção parasitária? Infecção parasitária é a penetração, desenvolvimento de um agente infeccioso no organismo humano ou de um outro animal. Sendo que cada infecção parasitária tem a sua cadeia de transmissão própria. Como podemos observar no caso do nematódeo Ascaris lumbricoides, que é um verme da família Ascarididae que tem como hospedeiro somente o homem causando a doença conhecida como ascaridíase apesar de ter como hospedeiro somente o homem o Ascaris lumbricoides precisa sobreviver no meio ambiente em condições ideais de temperatura, umidade e oxigênio para evoluir até encontrar um novo hospedeiro. 


   Agora vamos falar sobre cada elemento da cadeia de transmissão começando pelo hospedeiro. Para ser hospedeiro não precisa ser necessariamente humano pode ser qualquer outro animal com condições favoráveis e que esteja exposto ao parasita ou ao vetor transmissor. O hospedeiro é chamado de definitivo quando os parasitas hospedados nele se reproduzem de forma sexuada, isto é, através da fecundação onde ocorro o processo de fusão dos gametas como no caso da Taenia sp. que são platelmintos que têm reprodução sexuada, apesar de serem hermafroditas, ou seja, o mesmo individuo possui os dois sexos onde cada proglótide fornece óvulos e espermatozóides acontecendo então a fecundação no interior de cada proglótide. Por falar em reprodução das Taenias, um fenômeno bem interessante chamado protandria acontece, é nada mais do que a involução e desaparecimento do órgão masculinos após a formação do feminino para deixar o espaço para a formação e maturação dos ovos. Bem prático ne? Mas voltando ao assunto principal. Existe outro tipo de hospedeiro, o intermediário que é aquele que o parasita ali alojado se reproduzirá de forma assexuada não havendo fecundação como no caso dos parasitas da leishmaniose e da doença de chagas. Sendo mais clara, vejamos a Taenia solium, por exemplo, que tem como hospedeiro definitivo o homem mas também precisa na sua cadeia de transmissão um intermediário, o porco. 
Fonte: edisciplinas.usp
   Na relação parasito-hospedeiro o hospedeiro pode não apresentar sintomas comportando-se como um portador sã ou pode apresentar sintomas. Mas mesmo sendo uma infecção parasitária sintomática ou assintomática não exclui o fato daquela parasitose ser transmitida. Outro elemento da cadeia de transmissão é o agente infeccioso, que é um ser vivo com a capacidade de reconhecer seu hospedeiro, penetrar, desenvolver-se, multiplicar-se e obter ali seu alimento. Bactérias, protozoários, vírus, ácaros e alguns fungos são exemplos de agente infecciosos. Ainda existem helmintos e alguns artrópodes que são parasitos maiores e facilmente identificados sem a ajuda de microscópios. Como no caso das Taenias, já citadas nesse post, que são helmintos, isto é, vermes cestoides (vermes com formato achato), são metazoários que na sua forma adulta chegam de quatro a dez metros de comprimento. Já os artrópodes parasitas temos os carrapatos (Ixodoidea), piolhos (Phthiraptera), pulgas (Siphonaptera) e o famoso bicho-do-pé (Tunga penetrans) que são todos parasitas obrigatórios que se aderem á superfície do corpo sendo classificados, por esse motivo, como ectoparasitas. Mas também existe os endoparasitas que são aqueles que penetram no corpo do hospedeiro a ali passam a viver como no caso de bactérias, vírus, entre outros. 
Fonte: brainly
   O último elemento da cadeia de transmissão é o meio ambiente que é o espaço constituído por fatores físicos, químicos e biológicos que influenciam o parasita e o hospedeiro. A temperatura, umidade, clima e luminosidade são fatores físicos já os gases atmosféricos, o pH, o teor de oxigênio, agentes tóxicos e a presença de matéria orgânica são fatores químicos e os fatores biológicos são a água, nutrientes, e os próprios seres vivos como as plantas e animais. Mas e os vetores? Quando falamos em vetor, na biologia, nos referimos a seres que servem de veiculo para a transmissão de algum causador de doença, isto é, servem de local para a multiplicação ou apenas para transporte. Em doenças transmitidas por vetores não é possível a transmissão direta de uma pessoa para outra, como no caso da dengue que o vírus não é transmitido pelo contato com o doente e sim através da picada do mosquito Aedes aegypti, onde o mosquito é o vetor. Doenças como a dengue, zika, chicungunya, febre amarela, de chagas e leishmaniose são transmitidas por vetores. Lembrando que no caso da febre amarela o macaco são tão vítimas quanto os humanos e cumprem função de alerta sobre o surgimento do vírus onde o vetor do vírus é o mosquito do gênero Hemagogo sendo assim a febre amarela não é contagiosa, isto é, não é transmitida por contato direto de pessoa a pessoa e sim através da picada dos mosquitos Haemagogus e Sabethes, os mais frequentes na América Latina, e Haemagogus janthinomys, a espécie mais registrada no país. 

   Por falar em transmissão direta vamos falar um pouco sobre os tipos de transmissão das infecções parasitárias. A transmissão direta de pessoa a pessoa como já citada no post é feita pelos agentes infecciosos que saem de um hospedeiro parasitado para outro de forma direta por meio de gotículas, sexo, contato fecal-oral. A transmissão indireta com presença de hospedeiros intermediários ou vetores também já foi citada no post onde ocorre quando o agente infeccioso hospeda um hospedeiro intermediário antes de alcançar um hospedeiro definitivo é o caso de doenças como a esquistossomose e da teníase onde no caso da teníase a ingestão de carne bovina ou suína crua ou mal cozida contendo as larvas da taenia faz com que o individuo contraia a solitária outra forma indireta também ocorre através da picada de um vetor, no caso o inseto. A transmissão indireta também pode ser feita pelo meio ambiente onde ao sair do  hospedeiro o agente infeccioso já tem uma forma resistente que o habilita a manter-se vivo por algum tempo no ambiente contaminando o ar, a água, o solo, alimentos e objetos (fômites) à espera de novo hospedeiro nesse caso incluem-se os protozoários que expelidos através das fezes e sob a forma de cistos assumem a forma de resistência denominada esporos. Já a transmissão vertical e horizontal ocorre diretamente através da placenta, esperma, óvulo, sangue, leite materno onde podemos citar como exemplos a rubéola, a AIDS infantil, a sífilis congênita, a hepatite B, a toxoplasmose, entre outras.

   A relação hospedeiro-parasita pode ser positiva ou negativa, sendo positiva quando ambas as partes são beneficiadas ou quando um é beneficiado não prejudicando o outro como no caso do comensalismo entre a ameba chamada Entamoeba coli que pode viver no intestino humano nutrindo-se de restos alimentares e jamais causar doenças, ou no mutualismo entre algumas bactérias da microbiota normal que desempenham inúmeras funções benéficas em nosso corpo como auxílio na digestão e absorção de nutrientes, produção de vitaminas, inativação de toxinas, etc. e em troca garantem em nosso corpo abrigo e nutrientes. Já uma relação negativa é quando ocorre o parasitismo, ou seja, o organismo de um ser vivo hospeda, abriga ou recebe um outro ser vivo de espécie diferente, que passa a morar e a utilizar-se dessa moradia para seu benefício. Após termos aprendido quais são os elementos de uma cadeia de transmissão de infecção parasitária e conhecido o fenômeno parasitismo podemos afirmar que todas as doenças transmissíveis ou todas as infecções parasitárias (gerando ou não doença) são causadas somente por seres vivos, chamados de agentes infecciosos ou parasitos. O sarampo, a caxumba, a sífilis e a tuberculose exemplificam tal fato. Onde as doenças não-transmissíveis podem ter diversas causas tais como alterações metabólicas, traumas, origem genética tendo como exemplos a diabetes, câncer e alterações tireoidianas. Existe ainda doenças que possuem mais de uma causa podendo ser tanto transmissíveis como não-transmissíveis como no caso da hepatite e a pneumonia.  
Fonte: Dra Keilla Freitas
   Uma relação parasitária bem sucedida é aquela na qual o parasita consegue obter tudo de que precisa para sobreviver causando o mínimo de prejuízo ao hospedeiro, uma vez que o mesmo necessita de nutrientes e um hospedeiro fraco não lhe propõe condições favoráveis. Porém em alguns casos a relação poderá ser nociva , desse modo, surgem os hospedeiros parasitados sem sintomas conhecidos como portadores assintomáticos. Como não percebem estar parasitados não procuram tratamento contribuindo assim para a contaminação do ambiente espalhando a parasitose para outros indivíduos. Entretanto, em outros casos, a curto ou longo prazo, o parasito pode causar prejuízos, enfermidades ou doença aos hospedeiros, tornando-os patogênicos. Desse modo, surgem as doenças transmissíveis. É aí que precisamos entender os fatores que influenciam o parasitismo como causa de doenças infecciosas. Em relação ao parasito esses fatores são a carga parasitária, sua localização e capacidade de provocar doenças e em relação ao hospedeiro influencia a idade, estado nutricional, grau de resistência, órgão do hospedeiro atingido pelo parasito, hábitos e nível socioeconômico e cultural, presença simultânea de outras doenças, fatores genéticos e uso de medicamentos e em relação ao meio ambiente os fatores são a temperatura, umidade, clima, água, ar, luz solar, tipos de solo, teor de oxigênio e outros. Sabemos que muitos agentes infecciosos morrem quando são mantidos em temperatura mais baixa ou mais elevada por determinado tempo, é o caso dos cisticercos, larvas de Taenia solium já citadas nesse post, em carnes suínas, onde morrem quando a carne suína é congelada por 10 dias a 10°C negativos ou cozidas em temperatura acima de 60 ° C por alguns minutos. Portanto se faz necessário conhecer onde e como vivem os parasitas para facilitar o controle das infecções tão indesejadas.

REFERÊNCIAS UTILIZADAS
Microbiologia pela Professora Lorena Amorin LINK
Macacos não transmitem febre amarela LINK
Tênia - Vermes do grupo dos platelmintos LINK
O que são Doenças Infecciosas e Parasitárias?  LINK
MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2004 Doenças Infecciosas e Parasitárias LINK

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