Medicamentos mais utilizados numa Unidade de Terapia Intensiva (UTI)

Fonte: pebmed

    A Unidade de Terapia Intensiva (UTI) é uma unidade hospitalar destinada ao Suporte Avançado de Vida (SAV) de pacientes críticos que requeiram assistência especializada contínua de uma equipe multiprofissional com recursos especializados, equipamentos e dispositivos específicos e, acesso a tecnologias destinadas ao diagnóstico e terapêutica. Onde o perfil de um paciente intensivo se caracteriza como um pacientes grave ou de risco potencialmente recuperável que necessita de monitoração intensiva, suporte ventilatório, uso de drogas vasoativas contínuas e alta dependência de cuidados. São pacientes que apresentam instabilidade orgânica e consequentemente comprometimento de alguma função vital, seja ela respiratória, renal, cardiovascular, neurológica, endócrina, metabólica, entre outras. Principalmente pacientes que apresentam risco eminente de óbito, convulsão de difícil controle, intoxicações graves, politraumatismo, estado de choque, pós-operatório com necessidade de monitoração hemodinâmica e suporte ventilatório. 

   Sendo que uma assistência de qualidade é sinônimo de infraestrutura e recursos materiais satisfatórios além do pessoal de enfermagem proativo e suficiente em quantidade e qualidade. Para isso, a equipe de enfermagem deve ser altamente treinada e em número adequado, ter conhecimento teórico pratico sabendo executar seus conhecimentos com lógica e eficiência, está apta a manter constante observação e estar pronta para reconhecer e notificar alteração significativa nas condições do paciente, bem como possuir características como humanização, estabilidade emocional, iniciativa, agilidade, atenção, saber trabalhar em equipe, empatia além de possuir domínio no funcionamento dos equipamentos e constante capacitação principalmente nos procedimentos e medicações mais manuseados nesse setor. 

Fonte: IBSP

   Faz parte da rotina de enfermagem não só na UTI como na maioria dos setores hospitalares o manuseio de medicações, sendo frequente na UTI a combinação de várias drogas devido o perfil do paciente assistido como pelo fato de ser uma estratégia benéfica que potencializa os efeitos terapêuticos dos agentes combinados em relação ao uso isolado de cada fármaco. O consumo farmacológico numa UTI é considerável onde a média de fármacos prescritos pode chegar a 12 medicamentos por paciente. Essa estratégia é chamada de polifarmácia que consiste na prescrição simultânea e consequente administração utilizando esquemas terapêuticos. Nesse contexto, o domínio sobre os principais medicamentos utilizados em diversas situações numa Unidade de Terapia Intensiva (UTI) é essencial para a formação profissional técnico de enfermagem que presta assistência ao paciente critico. Visando justamente isso o post de hoje é sobre as principais medicações utilizadas na UTI. 

Fonte: site oncologia dor

   Sedação, analgesia e bloqueio neuromuscular (BNM) são procedimentos de rotina onde a maioria dos pacientes intensivos necessita de condutas relacionadas a esses tópicos durante sua hospitalização na UTI para aliviar o desconforto associado à ventilação mecânica (VM), prevenir extubação, manter tranquilidade e conforto amenizando a agitação psicomotora grave além de satisfazer as necessidades ansiolíticas, hipnóticas e amnésticas destes pacientes. A sedação de um paciente grave agitado deve ser instituída posteriormente a analgesia adequada e após a correção de hipoxemia, hipoglicemia, hipotensão, dor, abstinência de álcool ou outras drogas, entre outros distúrbios. A escolha do analgésico depende de sua farmacologia e dos seus efeitos adversos potenciais, dentre os analgésicos mais usados podemos citar os analgésicos opioides. 

- Tramal (Cloridrato de tramadol): 
• 1 ampola = 1ml/50mg
• AÇÃO: analgésico que atua sobre o SNC aliviando a dor através da sua ação sobre células nervosas específicas na espinhal-medula e cérebro. 
• INDICAÇÃO: dor moderada a intensa
• EFEITOS ADVERSOS: depressão do SNC e respiratório, constipação. 

- Dimorf (Sulfato de morfina): 
• 1 ampola = 2ml/2mg
• AÇÃO: analgésico
• INDICAÇÃO: dor grave
• EFEITOS ADVERSOS: hipotensão constipação, depressão respiratória

- Fentanil (Citrato de fentanila): 
• 1 ampola de 2ml, 5ml ou 10ml (0,05mg/ml)
• AÇÃO: Analgesia e indução anestésica
• INDICAÇÃO: Analgesia rápida de curta duração e rápida potencia 100 vezes maior que a morfina)
• EFEITOS ADVERSOS: bradicardia, convulsão. 
• CUIDADOS DE ENFERMAGEM: Administrar em via única, sinais de depressão respiratória, avaliar função hepática e renal. 

- Midazolam (dormonid) 
• 1 ampola = 15mg/3ml
• AÇÃO: Depressão do SNC, Hipnótico/ Benzodiazepínicom,
• ANTAGONISTA: FLUMAZENIL
• INDICAÇÃO: sedação a curto prazo, amnésia pós-operatória, crise convulsiva, ansiolítico.
• EFEITOS ADVERSOS: Parada Cardíaca, Depressão respiratória, Hipotensão.
• CUIDADOS DE ENFERMAGEM: Utilizar numa via única, atentar para sinais de depressão respiratória, após utilização manter o paciente sob vigilância.

- Propofol (diprivan)
• AÇÃO: Depressão do SNC similar aos benzodiazepínicos. 
• ANTAGONISTA: FLUMAZENIL
• INDICAÇÃO: sedação
• EFEITOS ADVERSOS: Apnéia, náusea, hipotensão severa
• CUIDADOS DE ENFERMAGEM: Usar em via exclusiva (IV), suporte de O2, monitorizar Sinais vitais, atentar para sinais de depressão respiratória, manter disponível material de ressuscitação cardiorrespiratória (se necessário). 

- Fentoína (hidantal)
• 1 ampola 250mg/5ml
• AÇÃO: Antiepilético. 
• INDICAÇÃO: Anticonvulsivante útil utilizado no tratamento de epilepsia. 
• EFEITOS ADVERSOS: Hipotensão, taquicardia, vasodilatação, constipação, hipocalemia, hiperplasia gengival. 
• CUIDADOS DE ENFERMAGEM: Monitorar funções hematológica, hepática, renal, realizar boa higiene oral para evitar sangramento de gengiva durante a terapia. 

- Fenobarbital (gardenal) 
• 1 ampola 2ml (200mg/1ml)
• AÇÃO: Antiepilético
• INDICAÇÃO: anticonvulsivante, sedação
• EFEITOS ADVERSOS: hipotensão, constipação, depressão respiratória. 
• CUIDADOS DE ENFERMAGEM: Monitorar as funções cardíacas, hepática e renal.

- Haloperidol (haldol)
• 1 ampola 5mg/1ml
• AÇÃO: Neuroléptico, antipsicótico, altera os efeitos da dopamina no SNC.
• INDICAÇÃO: Psicoses agudas e crônicas, náusea e vomito após cirurgia e quimioterapia. 
• EFEITOS ADVERSOS: Hipotensão, arritmia, taquicardia, leucopnia. 
• CUIDADOS DE ENFERMAGEM: Observar estado mental, monitorar balanço hídrico. 

- Manitol
• 1 ampola 2ml (200mg/1ml)
• AÇÃO: diurético osmótico, age diminuindo o edema por diferença de concentração. 
• INDICAÇÃO: Edema cerebral
• EFEITOS ADVERSOS: hipotensão e sincope, necrose tecidual (extravasamento da droga). 
• CUIDADOS DE ENFERMAGEM: monitorar PA, débito urinário, função renal, sódio, potássio, não realizar mudanças bruscas de posição. 

- Cedilanide (Deslanol) 
• 1 ampola 0,4mg/2ml 
• AÇÃO: Cardiotônico digitálico 
• INDICAÇÃO: Alivio a sintomatologia da ICC.
• EFEITOS ADVERSOS: Sinais de intoxicação digitálica - Sincope, sudorese, náuseas, vômitos, afasia.
• CUIDADOS DE ENFERMAGEM: Monitorizar Sinais vitais (atentar para sinais de hipertensão), Sinais de intoxicação digitálica

- Amiodarona (Ancoron) 
• AÇÃO: antiarrítmico, age na excitabilidade e na condutividade do estimulo elétrico 
• INDICAÇÃO: arritmias supraventriculares e ventriculares .
• EFEITOS ADVERSOS: bradicardia. 

- Adenosina 
• AÇÃO: antiarrítmico, age na excitabilidade e na condutividade do estimulo elétrico 
• INDICAÇÃO: taquiarritmias supraventriculares.
• EFEITOS ADVERSOS: dor torácica, cefaleia. 

   Depois de listar as drogas mais utilizadas na UTI vamos falar um pouco sobre as drogas vasoativas que são substâncias que apresentam efeitos vasculares periféricos, pulmonares ou cardíacos, diretos ou indiretos, atuando em pequenas doses e com respostas dose dependente de efeito rápido e curto. As drogas vasoativas tem o objetivo de restaurar e manter a perfusão efetiva aos órgãos vitais em pacientes com instabilidade hemodinâmica. Seu uso é endovenoso (EV) e contínuo, com necessidade de monitorização hemodinâmica sendo que tanto a reposição volêmica insuficiente quanto a excessiva podem causar complicações. 
   Esse grupo de fármacos tem ação sobre os parâmetros que regulam o débito cardíaco (DC) consequentemente aumentando o DC atuando no volume sistólico bem como otimizam a relação DO2/VO2 (oferta de oxigênio (DO2) e consumo de O2 (VO2), distribuindo-se adequadamente o suprimento de O2, em face da demanda metabólica alterada, nos diferentes órgãos e tecidos, na tentativa de preservar a função bioquímica celular. Fármacos utilizados: Adrenalina (epinefrina), Noradrenalina, Dopamina, Dobutamina, Atropina, Nitroprussiato de Sódio e Nitroglicerina.


Fonte: depositphotos

- Adrenalina (epinefrina)
• 1 ampola = 1ml/1mg
• AÇÃO: Simpaticomimético, potente estimulador alfa e beta adrenérgico, vasoconstricção (efeito primário), aumento da PA e FC.
• INDICAÇÃO: reanimação cardiopulmonar, reações anafiláticas e asma.
• EFEITOS COLATERAIS: diminuição do debito urinário (vasoconstrição renal), crise hipertensiva, hiperglicemia, isquemia de extremidades. 
• Diluição: SG 5%, SF0,9%, SG 10%
• CUIDADOS DE ENFERMAGEM: Utilizar em infusão contínua (pela BIC) em acesso venoso central, manter proteção da luz com equipo adequado (droga fotossensível), não infundir junto ao bicarbonato (precipita em soluções alcalinas), monitorização rigorosa da função cardíaca, respiratória e débito urinário. 

- Noradrenalina (noreprineepinefrina)
• 1 ampola de 4 ml /4mg 
• AÇÃO: Simpaticomimético, potente vasoconstrictor periférico que atua nas artérias e veias, estimulador dos receptores α e β, aumento da PA, diminui o fluxo sanguíneo renal, aumento da RVS e da contratilidade cardíaca.
• INDICAÇÃO: Sepse, choque cardiogênico por IAM, estabilização da PA devido hipotensão aguda, anestesia e pós RCP. 
• EFEITOS COLATERAIS: Cianose de extremidades, necrose tissular, elevação da PA em níveis indesejáveis. 
• Diluição: SG 5%, SF0,9%, SG 10%
• CUIDADOS DE ENFERMAGEM: Uso preferencial em solução de glicose a 5%, utilizar em infusão contínua (por BIC) em acesso venoso central, manter em equipo fotossensível, controle frequente da pressão arterial, preferencialmente com PA invasiva, em caso de extravasamento deve-se infiltrar com agulha hipodérmica toda a região afetada com solução salina (10 a 15ml) com 5 a 10mg de fentolamina, que é um bloqueador adrenérgico. Realizar o mais rápido possível (até no máximo 12hs). 

- Dopamina
• 1 ampola = 50mg/10ml ou 200mg/5ml
• AÇÃO: Cardiotônico não-digitálico, aumenta o fluxo cardíaco e a PA.
• INDICAÇÃO: tratamento de falência cardíaca, choque cardiogênico e em qualquer situação de choque circulatório associada a vasodilatação sistêmica.
• EFEITOS COLATERAIS: elevação da PA em níveis indesejáveis, taquicardia, arritmia, angina, acentuada hipoxemia, necrose tecidual cutânea (extravasamento da droga). 
• Diluição: SG5%, SF0,9%
• CUIDADOS DE ENFERMAGEM: Pode ser diluída em SF 0,9% ou SG 5%, não necessita de proteção à luz, infusão por acesso central com bomba de infusão, monitorar PA, ECG, DC, FC, balanço hídrico e débito urinário, incompatível com soluções alcalinas, como bicarbonato de sódio. 

- Dobutamina (dobutan)
• 1 ampola = 250mg/20ml
• AÇÃO: Cardiotônico não-digitálico, aumenta a contratilidade miocárdica e o débito cardíaco, aumenta o consumo de O2 pelo miocárdio, Diminui a RVP;
• INDICAÇÃO: Choque cardiogênico, ICC, Baixo debito cardíaco, Tratamento de curto prazo de IC descompensado, Após cirurgia cardíaca e IAM; 
• EFEITOS COLATERAIS: Isquemia miocárdica, arritmias, náuseas, hipocalemia, aumento ou reduções excessivas da PA, hipotermia.
• Diluição: SF 0,45%, SF 0,9%, SG5%, SG10%,SGF, Ringer e Ringer lactato 
• CUIDADOS DE ENFERMAGEM: Pode diluir em SF 0,9% ou SG 5%, não necessita de proteção à luz, infusão pode ser realizada por acesso periférico ou acesso central com bomba de infusão, incompatível com soluções alcalinas, como bicarbonato de sódio. Incompatível também com hidrocortisona, cefazolina, penicilina, heparina, antes da administração da dobutamina, a hipovolemia deve ser corrigida. 

- Atropina (novatan)
• 1 ampola = 0,25mg/1ml
• AÇÃO: Parassimpaticolítico, antiespasmódico, principal ação na PCR – bloquear o efeito parassimpático com consequente aumento da FC.;
• INDICAÇÃO: bradicardia; 
• EFEITOS COLATERAIS: calor, rubor, taquicardia e palpitações, midríase leve e confusão.
• CUIDADOS DE ENFERMAGEM: Monitorização dos sinais vitais, atentar para sinais de desorientação e risco de queda, monitorar sinais de retenção urinária

- Nitroprussiato de sódio (nipride)
• 1 ampola = 50mg/2ml
• AÇÃO: Vasodilatador arterial e venoso, produz também hipotensão controlada.
• INDICAÇÃO: emergências hipertensivas, ICC e situações em que a hipotensão seja desejada 
• EFEITOS ADVERSOS: hipotensão, taquicardia, palpitação, intoxicação por tiocianeto. 
• Diluição: SG5%, SF0,9%; 
• CUIDADOS DE ENFERMAGEM: Monitorar PA, manter monitoração e equipo fotossensível.

- Nitroglicerina (tridil)
• 1 ampola = 50mg/10ml ou 25mg/5ml
• AÇÃO: Vasodilatador coronariano, profilaxia da angina (Reduz pré e pós carga cardíaca), relaxamento da vasculatura lisa.
• INDICAÇÃO: : Insuficiência cardíaca aguda sem hipotensão e insuficiência coronariana, angina instável, controle do ICC, hipertensão; 
• EFEITOS ADVERSOS: Náuseas, vômitos, sudorese, cefaleia, vertigem, palpitações (reações adversas a queda abrupta da PA)
• Diluição: SG 5%, SF 0,9%, SG 10%. 
• CUIDADOS DE ENFERMAGEM: Monitorizar FC e PA, e interação com Heparina: a heparina diminui o efeito da nitroglicerina. 

   A equipe de enfermagem tem um papel importante na terapia do paciente devendo ter consciência desse papel e lembrar-se quando se trata de administração de drogas numa UTI deve-se sempre administrar as drogas em Bomba de Infusão (BIC), controlar rigorosamente a velocidade de infusão das drogas, conhecer quais drogas são fotossensíveis, atentar para os critérios de diluição das drogas através dos protocolos institucionais, conhecer a ação, estabilidade e interação medicamentosa da droga, observar e comunicar variações dos SSVV do paciente, monitorar débito urinário, realizar controle e balanço hídrico, administrar de preferência por cateter venoso central, se possível por via exclusiva, manter dispositivo venoso pérvio e observar a presença de infiltração e sinais flogísticos.
   Até o próximo post! 



REFERÊNCIAS UTILIZADAS

 1. Ame - Dicionário de Administração de Medicamentos na Enfermagem - 9ª Ed. 2013 
2. OSTINI FM et al. The use of vasoactives drugs in the intensive care unit. Medicina, Ribeirão Preto, 31: 400-411, july/sept. 1998.
3. ANVISA. Bulário Eletrônico. Disponivel em: <http://www.anvisa.gov.br/datavisa/fila_bula/index.asp> Acesso em: 28 de Julho de 2018.
4. MELO, E.M et al. Conhecimento do enfermeiro sobre as drogas vasoativas utilizadas em pacientes críticos. Rev enferm UFPE on line, Recife, v. 10, n.8,p. 2948-55, 2016.
5. KOERICH. M.; PRADO. N. D. Riscos, danos e eventos adversos na administração de drogas vasoativas em terapia intensiva: Revisão sistemática sem metanálise. Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis, Florianópolis. 2012
6.Drogas usadas em UTI. LINK  
7. MACHADO, F.R. Protocolo 3:  Sedação, analgesia e bloqueio neuromuscular.LINK 
8. BRESOLIN, N.L. FERNANDES, V. R.  Sedação, Analgesia e Bloqueio Neuromuscular. LINK


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