Assistência de enfermagem à vítimas de queimaduras




Fonte: Dr Paulo Renato


   Queimaduras são lesões à pele ou a tecidos mais profundos causados por sol, líquidos e sólidos quentes, frio extremo, vapores, atrito, fogo, eletricidade ou produtos químicos. Uma queimadura pode lesionar parcialmente ou totalmente a pele e suas camadas como também pode atingir regiões mais profundas como músculos, tendões ou até mesmo ossos. Onde são classificadas de acordo com a sua profundidade e tamanho sendo geralmente mensuradas pelo percentual da superfície corporal acometida. 


   A queimadura de 1° grau destrói a epiderme e caracteriza-se por ocorrer uma reação inflamatória da derme denominada hiperemia. A de 2° grau destrói totalmente a epiderme e parcialmente a derme tendo a presença de bolhas. A de 3° grau destrói totalmente a epiderme, a derme até os tecidos profundos acometendo as terminações nervosas. E por fim, a queimadura de 4° grau acomete o tecido ósseo, isto é, o carboniza. A queimadura profunda na pele forma uma escara, isto é, o tecido ali presente necrosa. 
Fonte: sbq
Fonte: sbq
Fonte: sbq
   Como já citado as queimaduras causam vários níveis de dor, bolhas, edema e perda de pele onde queimaduras profundas e extensas podem causar complicações graves, tais como choque e infecções sendo que a conduta vai desde a necessidade da reposição volêmica até uma cirurgia. Durante um atendimento a um paciente queimado o profissional deve observar se as vias respiratórias estão livres, providenciar dois acessos venosos calibrosos, sedação do paciente, sondagem vesical, calcular a área queimada, entre outras medidas complementares como pesar paciente, controle do débito urinário, balanço hídrico rigoroso e se atentar para o volume de líquido infundido para não gerar uma subhidratação e consequentemente uma insuficiência renal e/ou cardíaca. 
   O risco de morte depende muito da extensão da lesão do que do grau da queimadura onde profissionais da saúde usam o Esquema de Wallace também denominado regra dos 9 para identificar a extensão da queimadura. O esquema de Wallace é uma ferramenta de medida usada no atendimento pré-hospitalar para quantificar a área total da superfície corporal afetada por uma queimadura determinando assim a extensão da lesão e a necessidade da reposição volêmica. Uma vez que durante a lesão há uma perda de líquido para o seu interior a partir dos vasos sanguíneos causando um edema por isso a necessidade da reposição volêmica por meio da fórmula de Parkland. Se a lesão atingir menos de 10% da superfície corporal classificamos a queimadura como leve ou pequeno queimado. Se atingir de 10 a 20% classificamos como médio queimado ou lesões médias e se atingir mais de 50% da área corporal classificamos como grande queimado ou grave. A cabeça toda da vitima corresponde 9%, só a face 4,5%. Tórax e abdome juntos correspondem 18% e o dorso 18%. Cada membro superior (membro superior direito - MSD e membro superior esquerdo - MSE) corresponde 9% e se for só a mão 4,5% cada. Já os membros inferiores (membro inferior direito - MID e membro inferior esquerdo - MIE) correspondem 18% cada e o períneo 1% totalizando 100% em adultos. 
   A fórmula de Parkland é usada para estabelecer a ressuscitação volêmica durante as 24 horas onde após o cálculo será feita a infusão de cristaloide Ringer Lactato sendo metade nas primeiras 8 horas e a outra metade nas próximas 16 horas mantido em dois acessos calibrosos. O Ringer Lactato é usado porque restabelece o equilíbrio hídrico e contribui com a restauração dos níveis plasmáticos. A eficácia dessa hidratação deve ser avaliada através da sondagem vesical onde será obtido o controle do débito urinário que deve ser entre 50 e 100 ml/h. 
Fonte:Saeduc

   Em queimaduras causadas por trauma elétrico na medida que acontece a passagem da voltagem pelo organismo os músculos são lesionados e as células vão liberando a mioglobina levando a uma rabdomiólise, ou seja, é uma degradação do tecido muscular que libera uma proteína prejudicial no sangue provocando lesões nos rins. Se essa condição não for tratada ocorre insuficiência renal aguda e aumento do potássio no sangue. A gravidade da lesão depende da tensão (voltagem) e resistência podendo ocasionar um choque neurológico. 
   Em lesões por inalação podem ser classificadas em três tipos. O envenenamento por algum gás onde ocorro hipóxia e hipoxemia sem nenhuma cianose aparente, são queimaduras associadas a face com coloração vermelho-cereja onde geralmente a vitima apresenta uma pele normal e lábios pálidos. Nesse tipo de lesão ocorre a concentração de O2 no sangue reduzido e possui três fases, na primeira fase chamada fase clinica é caracterizada por uma insuficiência respiratória aguda e obstrução das vias aéreas sendo que ocorre nas primeiras 36 horas após a inalação. Na segunda fase a vitima possui um edema pulmonar facilmente identificado num raio x de tórax e na terceira fase ocorre obstrução inflamatória dos bronquíolos terminais. Outro tipo de lesão por inalação são as lesões acima da glote que podem ser por causas términas ou químicas, sendo que as lesões térmicas são limitadas as vias aéreas superiores mas em ambas o atendimento deve ser eficaz e rápido afim de reduzir o risco de edema superglótico sendo que a maioria dos danos ocorrem na faringe e laringe. Já na lesão por inalação abaixo da glote são lesões químicas associadas a quantidade e ao tipo de substâncias voláteis inaladas e são clinicamente imprevisíveis ocorrendo angustia durante a exposição nociva. 



REFERÊNCIAS UTILIZADAS
Sociedade Brasileira de Queimaduras LINK
Cartilha para tratamento de emergência das queimaduras LINK
Biblioteca Virtual em Saúde LINK


Nenhum comentário:

Postar um comentário