Fonte: edição do brasil |
Além disso o sistema cardiovascular conta com a ajuda das artérias que são vasos que conduzem o sangue para os tecidos e as veias que também são vasos mas que conduzem o sangue dos tecidos de volta ao coração. O sistema cardiovascular é um sistema fechado pois o sangue que o percorre não deixa o sistema, é um sistema duplo pois contém dois tipos de sangue, um arterial e outro venoso e é um sistema completo pois os dois tipos de sangue não se misturam. Mas e a circulação do sangue como funciona? A circulação sanguínea conta com dois circuitos distintos: o pulmonar que é chamado de pequena circulação que ocorre entre o coração e os pulmões e o sistêmico que é chamado de grande circulação que ocorre entre o coração e as demais partes do corpo humano. Esses dois circuitos por mais que sejam distintos ocorrem em tempo simultâneo graças ao funcionamento adequado das bombas cardíacas, ou seja, o coração é uma dupla bomba cardíaca isto porque cada metade dele encarrega-se de uma das circulações. Enquanto a metade direita trabalha na pequena circulação e metade esquerda na grande circulação.
Assim, o sangue venoso, pouco oxigenado que já alimentou todos os tecidos do organismo fornecendo oxigênio chega ao coração por meio da veia cava superior e da veia cava inferior ao átrio direito e em seguida é bombeado para o ventrículo direito e propulsionado para os pulmões por meio da artéria tronco pulmonar onde ocorrerá o mecanismo de hematose (troca gasosa) com a transformação do sangue venoso em sangue arterial, ou seja, o sangue sofre uma depuração que nada mais é do que a perda do gás carbônico resultante das queimas celulares nos vários tecidos do corpo e ganha novo suprimento de oxigênio para redistribuir ao organismo. Todo esse processo é chamado de circulação pulmonar, onde ocorre entre o coração e o pulmão e que, resumidamente, nas artérias contêm sangue saturado e nas veias sangue oxigenado, passando sangue venoso entre o átrio direito e o ventrículo direito. Já a grande circulação ou circulação sistêmica ocorre entre o coração e os tecidos onde nas artérias contêm sangue oxigenado. Nesse processo entre o átrio esquerdo e ventrículo esquerdo passa sangue arterial, rico em oxigênio, que chega ao átrio esquerdo por meio das quatro veias pulmonares, direitas e esquerdas. O sangue bombeado do átrio para o ventrículo esquerdo é imediatamente propulsionado para a parte ascendente da artéria aorta e através de todos os seus ramos o sangue arterial é distribuído para todo o organismo. O sistema cardiovascular possui dois mecanismos importantes, o débito cardíaco (DC) que é a intensidade/velocidade por min em que o sangue é bombeado por qualquer dos ventrículos e o retorno venoso (RV) que é a intensidade/velocidade em que o sangue retorna aos átrios através das veias.
Depois de entendermos um pouco sobre a anato fisiologia do sistema cardiovascular vamos falar sobre algumas doenças cardiovasculares. Primeiro quero que saiba que fatores como genética, tabagismo, aumento da pressão arterial (PA), hiperlipidemia, hiperglicemia, estresse e aterosclerose são fatores de risco para o surgimento de distúrbios cardiovasculares. A assistência de enfermagem caso ocorra o surgimento desses fatores de risco consiste numa boa anamnese onde o profissional deve pedir que o paciente descreva os sintomas apresentados, investigar os antecedentes patológicos cardíacos e os antecedentes mórbidos familiares bem como os medicamentos em uso e alergias medicamentosas. Outra etapa indispensável na assistência de enfermagem é o exame físico onde deve-se avaliar o aspecto geral do paciente, presença de dor (sinal clássico de isquemia), avaliar os sinais vitais (SSVV) como a temperatura que se estiver elevada pode ser sugestivo de algum distúrbios cardíacos infecciosos e inflamatórios, avaliar respiração (dispneia, ruidosa), verificar PA e avaliar alterações da pele como cianose, palidez e sudorese.
Fonte: Academia Nacional de Medicina |
Agora vamos falar um pouco sobre essas enzimas cardíacas, também chamadas de marcadores de necrose miocárdica. As enzimas CPK, CK-MB e troponina sinalizam a morte de células do miocárdio onde a elevação delas diagnosticam o IAM. Quando o coração não funcionando adequadamente acontece a elevação dessas enzimas cardíacas que são dosadas de forma seriada sendo identificadas de diversas formas como a CK-MB que é uma das formas da Creatina Quínase (CK) que é detectável entre 4 a 6 horas após a lesão miocárdica ocorrendo pico em 12 a 24 horas e retornando a níveis normais em 2 a 3 dias. A creatinofosfoquinase (CPK) é outra enzima cardíaca que se eleva no sangue entre 3 a 6 horas após o início dos sintomas do infarto. Já as troponinas estão presentes no sangue e se elevam entre 4 a 6 horas após os problemas cardíacos começarem e com pico de 12 a 18 horas permanecendo elevada por 6 a 10 dias. Em pacientes com suspeita de IAM não se administra medicamento via intramuscular pois altera o resultado das enzimas cardíacas.
A assistência de enfermagem para Infarto Agudo do Miocárdio vai desde acionar o setor de hemodinâmica até a administração dos medicamentos prescritos ou protocolados bem como a monitorização de sinais e sintomas como dispneia, hemoptise, estertores, distensão jugular, pulso filiforme, taquicardia e rebaixamento do nível de consciência. Ações como instalação da oxigenoterapia suplementar, monitoração multiparamétrica (monitorar FC, FR, SpO2, PAM), manter cabeceira elevada e ambiente tranquilo para melhor conforto do paciente, providenciar ECG de 12 derivações com urgência e comunicar o laboratório para a coleta de exames preferencialmente as enzimas cardíacas.
Outra afecção é a insuficiência cardíaca congestiva (ICC) que é a incapacidade cardíaca em bombear sangue suficiente para atender as necessidades teciduais de oxigênio e nutrientes. A ICC pode ser causada pela aterosclerose, hipertensão arterial (HA), IAM, infecção sistêmica, tromboembolismo pulmonar e tem como manifestações clínicas o aumento da PA, edema de membros inferiores (MMII), tontura, confusão mental agitação, extremidades frias, oligúria, edema agudo de pulmão e dispneia. A ICC pode afetar apenas um dos lados do coração porém ambos os lados acabam sendo afetados conforme o tempo vai passando onde a insuficiência cardíaca esquerda (ICE) à afeta a pequena circulação tendo como manifestações a ortopneia, tosse úmida espumosa, fadiga, taquicardia, aumento da PA já a insuficiência cardíaca direita (ICD) à afeta a grande circulação tendo como manifestações clínicas edema de MMII, hepatomegalia, ascite, anorexia, náuseas, nictúria.
O diagnóstico da ICC é feito através da avaliação clinica, laboratorial e ecocardiograma e o tratamento por meio de digitálico como a digoxina e cedilanide, diuréticos e dieta. Esse distúrbio pode desencadear complicações um derrame pleural (DP) que é o acumulo de liquido na cavidade pleural devido o aumento da pressão hidrostática na microcirculação sendo que essa complicações podem serem identificadas pelo raio X através da ausência do seio costofrênico do pulmão, tosse seca, tiragens intercostais, dispneia, desvio da traqueia para o lado oposto ao DP. Os cuidados de enfermagem para a ICC é manter o paciente em repouso no leito evitando movimentos bruscos, administrar fármacos prescritos atentando para aprazamento dos diuréticos, instalar monitor cardíaco e oximetria de pulso, controlar diurese, instituir balanço hídrico, monitorar SSVV, manter o paciente em Fowler, instalar oxigenoterapia conforme prescrição, orientar quanto a dieta e restrição hídrica, aferir FC antes de administrar digitálicos, orientar o paciente e não deixar MMII pendentes e pesar paciente em jejum.
Fonte: scielo |
A pericardite é outro distúrbio cardiovascular que consiste na inflamação do pericárdio (saco membranoso que envolve o coração) tendo como causas infecção seja bacteriana (estreptococos, estafilococos, meningococos), viral (influenza) ou micóticas (fungos parasitas) bem como o IAM, aneurisma dissecante, pneumonia, neoplasia, traumas e tuberculose. Tem como manifestações clinicas dor sobre o precórdio, clavícula, pescoço e região escapular esquerda à agravada pela respiração, mudança de posição além de taquipneia, febre. O diagnóstico é feito através da identificações dos sinais e sintomas, ECG e o tratamento consiste em determinar a causa, atentar para a ocorrência de tamponamento cardíaco à bulhas abafadas, diminuição da PA, estase jugular bem como a administração dos corticoides prescritos e um exame físico minucioso se atentando para a ausculta cardíaca de sons de atrito.
Fonte: Paulo Evora |
REFERÊNCIAS UTILIZADAS
HALL, John Edward; GUYTON, Arthur C. Guyton & Hall tratado de fisiologia médica. 13. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2017.
BRUNNER, L. S.; Suddarth, D. S. Tratado de Enfermagem Médico-Cirúrgico. 8 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1998.
GUELER, Rodolfo F. Grande Tratado de Enfermagem. 4 ed. São Paulo: Editora Brasileira, 1990.
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