Degermação das mãos e antebraços


Fonte: SPDM
   A degermação das mãos e dos antebraços é uma prática que integra a paramentação cirúrgica onde é uma medida preventiva de infecção no sítio cirúrgico. Uma degermação correta e eficaz é justificada pela taxa de perfuração das luvas durante o ato cirúrgico sendo que na maioria dos casos essas perfurações ou falhas nas luvas nem são percebidas pelo cirurgião ou qualquer outro profissional ativo na cirurgia. Portanto, a degermação consiste na remoção da maior quantidade possivel de patógenos como bactérias, vírus e fungos além da remoção de detritos e impurezas alojadas sobre a pele do profissional. Sabemos que a nossa pele normalmente possui microrganismos resistentes e transitórios onde alguns podem ser eliminados facilmente com a lavagem simples das mãos com água e sabão porém microrganismos resistentes são de difícil remoção por estarem aderidas fortemente a nossa pele não sendo a lavagem simples das mãos suficiente para a sua eliminação. 


   A degermação das maõs e antebraços é uma conduta de baixo custo e altamente relevante, sendo necessário que os profissionais sejam conscientizados sobre a importância da adesão correta dessa conduta bem como a necessidade da capacitação dos mesmo pelas instituições de ensino e de saúde. Tendo sua importância devido as seguintes razões:
  1. As luvas podem apresentar perfurações ao final da cirurgia por sofrerem constantes traumas por agulhas, unhas e entre outros; 
  2. As luvas podem apresentar defeitos de fabricações invisíveis ao olho nu;
  3. Microorganismos tendem a proliferar com o suor das mãos e calor destas sobre as luvas. 
   A degermação das mãos e antebraços podem ser realizados tanto pelo método mecânico que consiste no uso da escova estéril, água corrente e sabão como pelo método químico que consiste no uso do antisséptico degermante, escova estéril e água corrente. De acordo com o Ministério da Saúde, soluções à base de PVPI ou clorexidina usadas em média 15 fricções num tempo de 10 minutos podem atingir 95% de grau de confiança durante uma degermação das mãos e antebraços. Apesar de inúmeras pesquisas internacionais contra-indicando a utilização de artefatos para a realização da degermação das mãos, outros estudos preconizaram a eficácia dos métodos mecânicos e químicos com a solução de gluconato de clorexidina a 4% invés da clorexidina a 2%. Sendo que a utilização dos anti-sépticos, deve seguir as normas da Portaria nº 15, de 23 de agosto de 1988, da Secretaria de Vigilância Sanitária (SVS) do Ministério da Saúde e o Processamento de Artigos e Superfícies em Estabelecimentos de Saúde/MS, 2ª edição, 1994, ou outras que as complementem ou substituam. Onde não são recomendadas, para antissepsia, formulações contendo mercuriais orgânicos, acetona, quaternário de amônio, líquido de Dakin, éter e cloroformo, isso porque os mercuriais orgânicos, o hexaclorofeno e o cloroformo são tóxicos, a acetona e o éter tem propriedade esfoliante, o timerosol é alergênico e tanto o quaternário de amônio como o líquido de dakin são contaminantes. Agora que já sabemos a finalidade da degermação e quais antissépticos podemos e não podemos usar, vamos aprender passo a passo de como realizar o procedimento: 

Procedimento de degermação: 
  1. Estar paramentado com o uniforme privativo do C.C., usando EPIs (gorro, máscara), manter unhas curtas e sem esmalte;
  2. Retirar adornos das mãos e antebraços, inclusive aliança;
  3. Proceder degermação somente de pele íntegra e sem solução de continuidade; 
  4. Abrir a torneira, lavar as mãos, antebraços e cotovelos com degermante e água corrente para retirada de algum resíduo; 
  5. Retirar a escova estéril do suporte e segurá-la pela metade inferior com a mão esquerda e embebedá-la com degermante; 
  6. Iniciar a escovação pelas unhas da mãe direita, em caso de pessoas canhotas pela esquerda, contando 15 movimentos; 
  7. Escovar a palma da mão (região ventral), começando pela parte lateral do dedo mínimo, espaço interdigital de cada dedo, até o polegar, com movimentos de vaivém para cada área descrita, desde a extremidade dos dedos até o pulso; 
  8. Virar a mão e escovar o dorso da mesma mão, começando pela região lateral externa do polegar e terminando no dedo mínimo com movimentos de vaivém; 
  9. Passar para o antebraço, escovando em toda a sua extensão, desde o punho até o cotovelo, girando e mantendo a mão elevada, não podendo tocar em nada; 
  10. Escovar também o cotovelo com movimentos circulares; 
  11. Enxaguar a escova, passar para a outra mão, pegando-a pela extremidade oposta que segurava antes; 
  12. Ensaboar e iniciar a escovação da mãe esquerda com os mesmos procedimentos adotados para a mão direita; 
  13. Ao terminar a escovação depositar a escova na pia; 
  14. Proceder o enxague no sentido das unhas, mãos, antebraço e cotovelo, em ambos os braços;
  15. Manter as mãos juntas e elevadas após o enxague, deixando escorrer o excesso de água na pia; 
  16. Ir para a sala operatória, mantendo as mãos juntas e antebraços em posição vertical, acima da cintura e sem tocar em nada;Enxugar com compressas esterilizadas as mãos, antebraços e por último os cotovelos, primeiro o da mão direita edepois o da mão esquerda, em seguida desprezar no hamper. 




   A degermação é a remoção ou redução das bactérias da pele, por meio de limpeza mecânica (sabões, degermantes e escavagens) ou por agentes químicos. sendo aplicada sobre tecidos vivos.                 

REFERÊNCIAS UTILIZADAS
CUNHA et al. Eficácia de três métodos de degermação das mãos utilizando gluconato de clorexidina degermante (GCH 2%) LINK.
 Saad WA, Parra OM. Paramentação. In: Saad WA, Parra OM. Instrumentação cirúrgica. São Paulo: Atheneu; 1982. p. 39-55
SOBECC. Práticas recomendadas SOBECC. 6 ed. São Paulo: SOBECC, 2013. 367 p
AORN. Guidelines for perioperative practice. 2015. 
PROF. DRA. VANESSA DE BRITO POVEDA. Biossegurança: antissepsia, degermação e paramentação. LINK
Enfermagem clinica e cirúrgica LINK

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