O setor de Medicina Nuclear e os exames mais comuns

Imagem: Villela Pedras Medicina Nuclear


A Medicina Nuclear é uma especialidade onde materiais radioativos são empregados para fins de diagnóstico por imagem, ou tratamento de doenças. Esses materiais são denominados radiofármacos, e são absorvidos por órgãos específicos gerando emissões. As emissões são captadas por uma Gama Câmara de cintilação, transformadas em imagens que avaliam o funcionamento do órgão em questão. Essa área é de a extrema importância  para o diagnóstico por imagem de maneira precoce, estadiamento e controle evolutivo de muitas doenças.


O setor de Medicina Nuclear  é composto por um titular, técnico, supervisor de proteção radiológica com qualificação específica e certificado vigente concedido pela CNEN. Esse setor normalmente dispõe de Gama Câmaras do tipo (SPECT), e SPECT/CT (onde a imagem cintilográfica é fundida a tomografia). Possui ainda instalações com blindagens adequadas de acordo com a Norma NN 3.05 da CNEN, e é dividido em: sala de injeção (para aplicação do material radioativo no paciente), sala de manipulação (onde o radiofármacos são armazenados e preparados para serem repassados à sala de injeção), sala de rejeitos (onde os rejeitos radioativos ficam armazenados enquanto decaem até serem descartados como lixo comum), sala de inalação pulmonar (onde o material radioativo é inalado pelo paciente para realização da etapa de ventilação da cintilografia pulmonar na etapa de inalação), sala de exames de tireoide (utilizada para contagem da captação do Iodo131 para a cintilografia da tireoide), sala de laudos (onde as imagens são analisadas, processadas e terão o laudo dado pelo Médico Nuclear), sala de ergometria (onde o paciente faz o teste ergométrico para atingir o stress físico para uma das etapas da cintilografia do miocárdio), sala de espera exclusiva para pacientes injetados (onde os pacientes injetados aguardam até a hora da realização do exame. A mesma possui sanitários para os pacientes), sala de repouso. E ainda deve disponibilizar equipamentos de proteção individual (EPI), equipamentos de proteção coletiva (EPC), tais como: luvas descartáveis, jalecos de manga longa, transportadores blindados de frasco e seringa, pinças com dimensões adequadas ao tipo de manipulação, e blindagem para manipulação, transporte e armazenamento de fontes radioativas e rejeitos.

Abaixo segue os exames mais comuns nessa área:





Imagem: CBR

                     
Administração:
 O paciente é injetado com MDP-99mTc (dose de 30mCi) via intravenosa, recomendado que beba de 4 a 6 copos de água e retornar após 3 horas.  Antes do exame, a bexiga do paciente deve ser esvaziada para o não comprometimento da imagem.
Aquisição da Imagem:
 Para a aquisição da imagem um colimador LEAP é utilizado, janela de 15%, energia de 140 keV. O paciente deve estar posicionado em decúbito dorsal horizontal com os braços presos por uma fita na lateral do corpo, e uma varredura anterior/posterior (A+P) de corpo inteiro é feita com velocidade de 16 cm/mim. Na Millennium GE essa varredura tem duração de 20 min e na SPECT/CT GE duração de 12 min. Quando essa varredura é finalizada a imagem é analisada para verificação de possíveis imagens estáticas adicionais para agregar qualidade ao laudo. Cada estática dura cerca de 3 min e as mais comuns  são:
 Lateral do tórax: O paciente coloca os braços atrás da cabeça e permanece em decúbito dorsal horizontal. Os colimadores são posicionados a 90º na região indicada.
Posterior/ Anterior do tórax: O paciente coloca os braços atrás da cabeça e permanece em decúbito dorsal horizontal. Os colimadores são mantidos a 0º na região indicado.
Lateral de crânio: O paciente permanece em decúbito dorsal horizontal com os braços na lateral do corpo. Os colimadores são posicionados a 90º na região indicada.
Caso o quadro do paciente seja indicado fluxo e equilíbrio (em caso de câncer não faz fluxo), a injeção deve ser aplicada na câmara para que uma imagem dinâmica de 60s possa ser feita, analisando como o material chega à estrutura que será analisada e em seguida uma imagem estática de 3 min.
Em alguns casos ainda era realizado um SPECT/CT. Neste caso o paciente permanece em decúbito dorsal horizontal com os braços fora do segmento a ser avaliado. Aquisição em orbita de 360º, 128 passos de 15s, matriz de 128 e zoom 1,45.
Indicação: 
Muito utilizada para pesquisa de metástase óssea.



A Cintilografia do miocárdio é dividida em duas etapas, stress físico ou farmacológico e repouso.


Imagem: Fleury

 Stress físico ou farmacológico

   Administração:
 O paciente é injetado com MIBI-99mTc (dose de 20mCi) via intravenosa sob stress físico após o teste ergométrico ou stress farmacológico sob o uso do medicamento Dipiridamol.
 Aquisição da Imagem:
Nesta etapa a aquisição da imagem é feita 30 a 45 min após da injeção do MIBI, os batimentos são monitorados por um monitor. Colimador de alta resolução, janela de 15% com energia de 140keV. O posicionamento do paciente deve ser em decúbito dorsal horizontal com os braços elevados para trás. Em seguida um SPECT/CT é realizado com 64 passos de 20s, detectores a 90º, matriz 64, zoom 1,45. O exame dura 12 min, sendo nos dois minutos finais realizada a CT.

   Repouso

  Administração:
O paciente é injetado com MIBI-99mTc (dose de 20mCi) via intravenosa.
  Aquisição da Imagem:
Nesta etapa a aquisição da imagem é feita 45 min após a injeção do MIBI, os batimentos são monitorados por um monitor. Colimador de alta resolução, janela de 15% com energia de 140 keV. O posicionamento do paciente deve ser decúbito dorsal horizontal com os braços elevados para trás. Em seguida um SPECT/CT é realizado com 64 passos de 20s, detectores a 90º, matriz 64, zoom 1,45. O exame dura 12 minutos, sendo os dois minutos finais o CT.

  Indicação:
 Utilizada para investigação de isquemia miocárdica.




A cintilografia e captação da tireoide com Iodo-131 requer que o paciente siga uma dieta durante 15 dias, suspendendo substâncias que contenham iodo ou possam interferir de alguma forma na função tireoidiana (cosméticos, alimentos, medicação, etc.). O exame tem duração de dois dias.

Imagem: ABC Med



 Administração:
O paciente deve estar com jejum de seis horas e dieta de 15 dias. Recebe Iodo-131 (dose 300mCi) via oral. O mesmo deve retornar após 2 horas para captação.
No primeiro dia não tem aquisição da imagem e deve ser contada por um minuto a dose pré e pós-administração.
 Captação após 2 horas:
 Na sala de exames de tireoide, o paciente fica de frente para o espectrômetro e fazemos uma captação da tireoide posicionando a sonda de detecção no pescoço. Depois, fazemos a detecção da coxa direita do paciente, posicionando a sonda de detecção sobre a coxa, tomando cuidado para não medir em uma região muito próxima da bexiga.


Captação após 24 horas:
 Após vinte e quatro horas do horário que o paciente recebeu a dose de Iodo-131 no primeiro dia, é feita uma nova captação da mesma forma que foi feita no dia anterior.
   Aquisição da Imagem:
Um colimador pinhole HEGP (alta energia) é utilizado, energia de 364 keV. Paciente posicionado em decúbito dorsal horizontal e braços cruzados em cima do corpo.
São feitas três imagens: anterior, oblíqua anterior direita (-25°), oblíqua anterior esquerda (+25°), cada imagem com 300k de contagem.


A partir da subtração da contagem da dose pré e pós-administração obtemos o padrão de 2 horas. Já o padrão de vinte e quatro horas é dado pelo padrão de 2 horas multiplicado por 0,92 por conta do decaimento de um dia.
Captação com 2h:
 [(captação pescoço 2h – captação coxa 2h) / padrão 2h] * 100
Captação com 24h:
[(captação pescoço 24h – captação coxa 24h) / padrão 24h] * 100

     Indicação:
Utilizado para avaliação de funcionamento da glândula tireoide, nódulos, hipertireoidismo, hipotireoidismo, entre outros.







Referências: 
    • NN 3.05 - Requisitos de segurança e proteção radiológica para serviços de medicina nuclear (Resolução CNEN 159/13).
  • CENTRO DE MEDICINA NUCLEAR HC-FMUSP. Manual de procedimentos diagnósticos. Brasil, 2008.






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