Teorias administrativas aplicadas a enfermagem

   
Fonte: Amanda Correia
   A enfermagem surgiu como profissão em 1854 quando Florence Nightingale e um grupo de voluntárias chegam à Turquia para a guerra da Criméia e instalou em dois hospitais o seu serviço prestando atendimento a 4.000 feridos diminuindo o índice de mortalidade dos feridos de 40% para 2%. Florence mudou a organização da estruturas dos hospitais quando propôs classificar os enfermos de acordo com o grau de dependência onde os pacientes graves eram assistidos próximos a área de enfermagem para uma maior vigilância e melhor assistência. Sendo assim, através da administração mudou o conceito do que se entendia por hospital na época. Florence Nightingale teve um papel importante na administração e gestão de enfermagem onde acrescenta-se: dada à inexistência de enfermeiras experientes disponíveis, as recém-diplomadas tiveram de desempenhar funções administrativas, de ensino e supervisão dos atendentes, constituídos por pessoas admitidas nos estabelecimentos hospitalares sem o preparo técnico necessário para a execução das tarefas que lhes eram atribuídas. Em 1923, o sistema de ensino de Florence chega ao Brasil na Fundação Rockefeller. 
  
   Com a Lei N° 775/49, de 06 de agosto de 1949, o ensino da Enfermagem sofre a sua primeira reforma. Passa a compreender dois cursos: o Curso de Enfermagem, em 36 meses, e o Curso de Auxiliar de Enfermagem, em 18 meses, sendo regulamentados pelo Decreto 27 426/49, de 14 de novembro de 1949. O art. 1º do referido Decreto diz: “O ‘Curso de Enfermagem’ tem por finalidade a formação profissional de enfermeiros mediante ensino em cursos ordinários e de especialização, nos quais serão incluídos os aspectos preventivos e curativos da enfermagem”. E no art.2º: “O ‘Curso de Auxiliar de Enfermagem’ tem por objetivo o adestramento de pessoal capaz de auxiliar o enfermeiro em suas atividades de assistência curativa”. 
Fonte: cristofoli

   A administração hospitalar, a formação de enfermeiros e a educação em serviço foram a preocupação primordial de Nightingale partindo das suas ideias a necessidade de organizar as instituições de saúde baseando-se no saber de administração na Enfermagem que, paralelamente às técnicas, foi fundamental como instrumento do processo de trabalho da enfermagem. Onde temos com o passar dos anos a criação de algumas teorias administrativas que permearam a enfermagem. Todos nós sabemos que teoria é conjunto de conceitos inter-relacionados que proporcionam visão sistemática de um fenômeno, que é, por sua natureza, explicativo e profético. Ou seja, é um sistema organizado de ideias e conceitos que explica um conjunto de fenômenos (ou leis) que podem ser testados por meio de experiências reprodutíveis.        

   A primeira teoria usada pela enfermagem é a Teoria Científica por Frederick Winslow Taylor. O engenheiro norte-americano, Frederick Taylor, introduziu o conceito da chamada Administração Científica, revolucionando todo o sistema produtivo no começo do século XX e criando a base sobre a qual se desenvolveu a atual Teoria Geral da Administração. Tinha como proposta o aumento da produção pela eficiência do nível operacional onde preconizava a divisão do trabalho, especialização do operário e a padronização das atividades e tarefas por eles desenvolvidas , acreditava que o homem é motivado pela remuneração material e que quanto maior a remuneração, maior a produção. 
Fonte: infoescola
   A Teoria Científica é centrada nas tarefas e aborda o reflexo da Padronização do processos, que vem da execução de tarefas específicas, as quais vão levar a um aumento de produção, seja envolvendo lucratividade ou não. Uma pessoa que executa tarefas frequentemente, torna-se especialista, onde existe uma divisão de trabalho. Onde na enfermagem essa teoria é aplicada quando há elaboração ou simples adoção de manuais de técnicas e procedimentos, em escalas diárias de divisão de atividades/fase mecanicista da administração na assistência de enfermagem é fragmentada em atividades onde o executor se distancia do todo (assistência de enfermagem/cuidado integral do paciente) e se fixa na parte (tarefa) bem como objetiva numa assistência de enfermagem integral somente destinada aos pacientes graves buscando melhorar a produtividade dos profissionais. 

    Outra teoria administrativa aplicada a enfermagem é a Teoria Clássica de Fayol. Henry Fayol foi o engenheiro fundador da Teoria Clássica da Administração e um dos teóricos clássicos da ciência da administração. Fayol dava ênfase na estrutura adequada e de um funcionamento compatível com essa estrutura, onde em toda empresa coexistem 6 funções: técnica, comercial, financeira, de segurança, contábil e administrativa. Preconizava a divisão horizontal do trabalho, isto é, um agrupamento de atividades afins (departamentalização). Essa estrutura faz referência a ambiente de trabalho, ele defende que não adianta pensar em produção se não se fornece uma estrutura adequada de trabalho para o funcionário, por exemplo, não adianta querer que um Enfermeiro/Técnico faça 50 curativos se eu não forneço 50 pacotes de curativos para este. 
Fonte: toolshero
   A Teoria Clássica tinha os seguintes princípios: 
  • Divisão do Trabalho;
  • Autoridade e Responsabilidade;
  • Disciplina;
  • Unidade de Comando;
  • Unidade de Direção;
  • Subordinação dos Interesses Individuais aos Interesses Gerais;
  • Remuneração do Pessoal;
  • Centralização;
  • Ordem;
  • Equidade (Justiça/Direitos Iguais);
  • Estabilidade dos Funcionários;
  • Iniciativa;
  • Espírito de Equipe.
   
   Segundo Fayol, essa estrutura precisa ter seis funções: 
  • Técnica: Departamento que cuida da parte técnica de uma organização; 
  • Comercial: Área ou Diretoria Comercial, na qual há as negociações e a troca de informações, bens e serviços com outras organizações para que eu consiga manter o meu processo de sustentação de estrutura; 
  • Financeira: Realiza os pagamentos e cuida de tudo aquilo que precisa ser pago, seja como despesa ou receita, dessa organização; 
  • De Segurança: proporciona a segurança mínima para o funcionamento; 
  • Contábil: Cuida do balanço entre tudo o que entra e o que sai da organização, proporcionando equilíbrio a esta; 
  • Administrativa: Cuida dos aspectos diversos aos tratados pelas outras funções.


   E por último mas não menos importante, a Teoria das Relações Humanas de Mayo. Elton Mayo é um sociólogo e um dos fundadores e principais expoentes do método sociologia industrial, fez uma ruptura de paradigma, onde no início da década de 1930, a teoria da administração passou a enfatizar a variável pessoas em lugar da variável estrutura, e a preocupar-se com o homem no trabalho (aspecto psicológico) e com os grupos (aspecto sociológico) em lugar de preocupar-se com os métodos de trabalho e as regras e normas a serem seguidas pelos executantes. Determinada pela necessidade de humanização e democratização na administração de pessoal e pelo desenvolvimento das ciências humanas (psicologia e sociologia). 
Fonte: toolshero
   Mayo concluiu que o fator psicológico (relacionamento do indivíduo com o chefe imediato) interferia na produção dos trabalhadores de forma mais acentuada do que o fator fisiológico (influência da iluminação da produção). No que diz respeito a produtividade verificou-se uma maior interferência dos fatores psicológicos quando comparados com os fatores ambientais, como por exemplo, iluminação e ventilação, onde o bem-estar social passou a servir como incentivo a produção. A comunicação entre o enfermeiro (líder) e os demais membros é fator relevante para a continuidade e otimização da assistência de enfermagem. Na enfermagem a comunicação adequada entre o enfermeiro e a equipe de enfermagem tem sido valorizada de forma a aperfeiçoar a assistência, porém não se encontram políticas nas instituições que considerem esse tópico. 

Fonte: Blog Physics&Health


REFERÊNCIAS UTILIZADAS:
  1. Matos E, Pires D. Teorias administrativas e organização do trabalho: de Taylor aos dias atuais, influências no setor saúde e na enfermagem. Texto Contexto Enferm, Florianopólis 2006;15(3):508-14. Disponível em: [http://www.scielo.br/pdf/v15n3/v15n3a17]. Acessado em 07 de setembro de 2016.
  2. Paiva SMA, Silveira CA, Gomes ELR, et al. Teorias administrativas na saúde. Rev. Enferm. UERJ, Rio de Janeiro, 2010; 18(2):311-6. Disponível em: [http://www.facenf.uerj.br/v18n2/v18n2a24.pdf]. Acessado em 08 de setembro de 2016.
  3. Scheneider JF, Junqueira AGW. Estilo de liderança: percepção dos profissionais de uma organização do ramo de serviço social. Revista Destaques Acadêmicos, UNIVATES, 2012; 4(1). Disponível em: [file:///C:/Users/user/Downloads/282-1124-1-PB.pdf]. Acessado em 08 de setembro de 2016.
  4. Marquis BL, Huston CJ. Administração e liderança em enfermagem: teoria e prática. Artmed. Porto Alegre, 2015 ed.8.


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